
O SHABATH COMO MANDAMENTO
Os texicógrafos associam termo Shabbath ao verbo Shavath ou Shabbath (cessar, parar, parar de trabalhar, celebrar, descansar). D’Vaux mostra que a formação substantiva com base no verbo shavath é irregular; “a forma regular seria shebeth”. Sua forma gramatical deveria ter o significado ativo de “dia que cessa algo, que marca um limite ou divisão”. Assim, o Shabbath seria um dia que marca o fim da semana e a cessação de seu trabalho.
MANDAMENTOS
As leis de Deus estão divididas sob a forma de mandamentos (mitzvot); abrange todas as prescrições, temporais ou permanentes, gerais ou particulares. Estatutos (huquim); que deriva de um radical que significa “gravar”, “esculpir”, indicando, que se trata de regras de conduta permanentes dirigidas ou ao indivíduo ou a consciência da nação. Ordenanças ou Juízos (mishpatim); exprime uma “decisão” determinada por um juiz. Esta palavra é empregada quando se trata de atos decisivos de Deus, ao julgar os maus e julgar os inocentes.
Os mandamentos foram escritos em pedras. Com o intuito de durarem para sempre. E Deus reitera o mandamento do Shabbath em Êxodo 31.12-17 dizendo que o Shabbath “é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações”.
1.1– As divisões dos mandamentos
Os dízimos e as festas bíblicas ou regras alimentares estão na classificação de estatutos. As leis indenizatórias e trabalhistas são exemplos de ordenanças. Já o Shabbath está no contexto de um mandamento.
1.2– No descumprimento dos mandamentos
Observa-se que sempre há uma conseqüência no descumprimento de um mandamento. A infidelidade do povo no deserto, rejeitando os mandamentos, desobedecendo às leis e profanando o Shabbath, ocasionou na permanência do povo de Israel no deserto.
“Mas também os filhos se rebelaram contra mim e não andaram nos meus estatutos, nem guardaram os meus juízos, os quais, cumprindo-os o homem, viverá por eles; antes, profanaram os meus Shabbaths. Então eu disse que derramaria sobre eles o meu furor, para cumprir contra eles a minha ira no deserto”, (Ezequiel 20.20.21).
Calamidades são anunciadas, como: peste, fome, feras e espada, símbolo de guerra, e a confusão e dispersão se o povo desobedecer ao Senhor, (Levítico 26.1-33).
1.3- No cumprimento dos mandamentos
Esqueceran-se que a guarda dos mandamentos dá vida a quem os cumprir, “santificai os meus Shabbaths, pois servirão de sinal entre mim e vós, para que saibais que eu sou o Senhor, vosso Deus”, (Ezequiel 20.20). As bênçãos de Deus são apresentadas sob a forma de prosperidade e paz, como recompensa pela obediência. A importância que devia ser dada ao cumprimento da Lei, vem expressa detalhadamente em Deuteronômio 30.15,16 que diz:
“Vê, hoje te proponho a vida e o bem, a morte e o mal. Pois hoje te ordeno que ames o Senhor teu Deus, andeis nos seus caminhos, e guardeis os seus mandamentos, estatutos e leis, então viverás e te multiplicarás, e o Senhor teu Deus te abençoará na terra a qual passa a possuir”.
1.4– A prática dos mandamentos
Em Levítico 18.4,5, mostra o Senhor se dirigindo diretamente ao povo através de Moisés. “Praticareis os meus juízos, e guardareis os estatutos, para andardes nele. Eu sou o Senhor vosso Deus. Portanto os meus estatutos e os meus juízos guardarão, pois o homem que os cumprir, por eles viverá. Eu sou o Senhor” as palavras do Senhor são pão e vida, e ele nos demonstra quão amável é para com o povo e no fim da frase, o Eterno diz que fará tudo que for necessário, conforme a ocasião.
Embora não exista a palavra Shabbath, na Bíblia até Êxodo 16, esta doutrina se iniciou com a criação do homem. Após um período de cerca de 2.500 anos, no momento que Deus proveu para o povo de Israel o maná, e lhes disse: “O que colhessem durante seis dias e no sexto deveriam colher o suficiente para dois dias, pois no sétimo não haveria maná”. Esta é a primeira vez que o termo Shabbath é encontrado na Toráh (Êxodo 16.22-30). Através desta passagem entende-se que a prática de guardar o Shabbath não era conhecida pelo povo de Israel nessa época, pois viveram quatro séculos sob escravidão no Egito, se acostumaram com a semana de dez dias, e agora teriam de trabalhar seis dias e descansar no sétimo.
O primeiro Shabbath é descrito em sua forma cronológica na narrativa do povo, meses ante do decálogo foram treinados a guardar o Shabbath. Conforme diz os versículos 28 e 29.
"Então, disse o Senhor a Moisés: Até quando recusareis guardar os meus mandamentos e as minhas leis. Considerai que o Senhor vos deu o Shabbath; por isso, ele, no sexto dia, vos dá pão para dois dias; cada um fique onde está ninguém saia do seu lugar no sétimo dia”.
Entretanto não há um tom cultural como no versículo 23 que diz “dia do Senhor” e sim um envolvimento com aspectos humanos.
2. MOTIVOS PARA O MANDAMENTO
O Shabbath envolve questões que vão além da religião e sociedade, está no nível de um estatuto perpétuo (Levítico 16.31) onde é mostrada a graça de Deus para o seu povo e a autoridade D’Ele (uma aliança que deve ser obedecida). Deus não deu um mandamento simplesmente havia motivos para isto. Como a circuncisão foi dada a Abrão sendo um sinal de separação. O Shabbath foi dado como sinal de aliança e de que estaria sempre com Seu povo.
2.1– Uma preocupação social
Em Êxodo 20.8-11. O povo recebe um mandamento para se santificar, ou separar o Shabbath como um dia para o Senhor. Este mandamento, como o da idolatria, apresenta um motivo para esta lei, o fato de Deus ter “descansado” no sétimo dia. Tem-se também um motivo descrito em Êxodo 31.12-17. Que é uma demonstração de preocupação social. Com uma nação se formando, o povo se multiplicando, eram necessárias leis. Estas não eram leis comuns eram mandamentos e os mandamentos são perpétuos. Deus ordenou que o povo guardasse o Shabbath, (Êxodo 20.9-11), por que este dia era D’Ele e para ser dedicado a Ele.
2.2 – Uma lembrança de humildade
Outro motivo para a lei do Shabbath está retratado em Deuteronômio 5.12-15 onde encontramos descrito o descanso para os servos, servas e estrangeiros. Com o intuito de lembrar o povo de Israel que foram servos no Egito. Porém a declaração mais enérgica quanto à guarda do Shabbath está em Deuteronômio 31.12-17. Onde a transgressão deste dia resultaria em pena de morte. É neste texto que encontramos pela primeira vez o Shabbath ser referido como um sinal (aliança perpétua) de aliança com Deus.
2.3 – Descaso semanal
Levíticos 23.3 diz: “seis dias trabalhareis, mas o sétimo dia será o sábado do descanso, dia de santa convocação”. Deus descansou no sétimo dia, refere o Gênesis 2.3, e mais tarde nos fornece indicações de se guardar uma semana de sete dias Gênesis 29.27. Mas em relação ao maná que mais evidente se torna este dia, como dia de descanso para Israel, Êxodo 16. 5, 22. 30, pois a distribuição da dupla ração ao sexto dia evitava aos israelitas a necessidade de trabalhar ao sétimo. E assim como Deus descansara após os seis dias da criação, também ao sétimo repousava, não distribuindo o Maná celeste ao seu povo. Quem trabalhasse nos dias úteis tinha direito a repousar no dia do Senhor. Mas temos de notar que o descanso neste dia era mais completo que o dos outros dias de festa em que se proibia apenas a obra servil (versos 7; 8.21, 25, 35, 36), ou seja, o negócio ou o trabalho manual, mas não a preparação dos alimentos. Enquanto o Sábado era uma “Santa Convocação”, se diferia das outras festas pelo fato de ser uma convocação semanal. Temos então, uma celebração mais sagrada do que as outras festas.
É preciso salientar que o trabalho foi estabelecido para o homem no jardim do Éden e é uma das maneiras pela quais a humanidade pode exibir a imagem de Deus.
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